quinta-feira, 14 de julho de 2011

Eucaristia: Provando Biblicamente


Hoje estava pensando sobre as seitas protestantes que não aceitam a transubstanciação. Na verdade, os argumentos que eles usam além de serem caluniosos, mostram a ignorância vinda desses pseudo-teólogos-pastores. 

Eles normalmente dizem que a Igreja Católica realiza um novo sacrifício, o que seria anti-bíblico (talvez mais que o Sola Scriptura). Então, vamos as explicações.

Hóstia e vinho como corpo e sangue: (Evangelho de São João 6, 48-61)

[1]Eu sou o pão da vida.
Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram.
Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer.
Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. 

[2]E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.

[3]A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?
Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.

[4]Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia
Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.


[5]Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim.
Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente.
Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum.

[6]Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir?
Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: Isso vos escandaliza?
_______________________

[1] Até essa parte, Jesus confirma que ele é o Pão da vida. Ele é o Pão que desceu do céu para nós comermos. Ele é o pão vivo e nós temos que comer deste pão, ou seja, ele. 

[2] Também já temos a confirmação de que Jesus ofereceria o seu corpo (pão) mais a frente. Em qual momento? Na Santa Ceia entre os seus discípulos. 

[3] Os Judeus, ficaram escandalizados. Por que será que eles ficaram? Será que se fosse apenas um "teatrinho" eles ficariam realmente assim? Aliás, se Jesus estivesse falando no sentido que vocês acham que é, ele provavelmente corrigiria: Opa, pera aí. Eu estou falando em sentido figurado...

[4] Ele ainda afirma "quem come a minha carne e bebe o meu sangue". Agora ele mesmo assume que sua carne é verdadeiramente uma comida, e seu sangue verdadeiramente uma bebida. Isso não fica claro?


[5] Mais uma vez: "assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim",  "Este é o pão que desceu do céu",  "Quem come deste pão viverá eternamente".

[6] Ora, se fosse apenas em sentido figurado, por que eles diriam que isso é muito duro? Afinal, Jesus poderia dizer "não não, eu estou fazendo um simbolismo". Mas não! Muito pelo contrário, ele diz: Isso vos escandaliza?

A Eucaristia não é um novo sacrifício: (Evangelho de São Lucas 22, 19-20)

Nós católicos acreditamos que o sacrifício de Jesus não serviu apenas para aquele tempo, mas também para as pessoas no passado e no futuro. Não, não estou dizendo que o sacrifício de Jesus não foi suficiente. Normalmente usam aquela passagem: "Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito (João 19,30)." Sim, realmente! Está consumado, não é preciso de outro sacrifício. Aquele sacrifício da missa é o MESMO sacrifício da cruz, nós apenas relembramos. Estou dizendo que devemos fazer isso em sua memória, assim como ele nos ensinou. Quando Jesus parte o pão entre os seus discípulos, ele parte aquele corpo que seria entregue na cruz. É o mesmo sacrifício, mas em tempos diferentes. Vamos a Sagrada Escritura:

Depois tomou o pão, deu graças, partiu, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. (Tomou) da mesma sorte o cálice, e depois de cear, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento em meu sangue, que será derramado por vós. 

Ele deixa claro que aquele pão, é o corpo que será dado na cruz. E aquele vinho, é o sangue que será derramado na cruz. Mesma sacrifício, porém em tempos diferentes. Mas por que? Simplesmente para fazer em memória dele, relembrar o sacrifício da cruz, que sempre foi a missão da missa.

São Paulo, também nos explica muito claramente sobre isso:


"Eu recebi do Senhor o que eu também vos transmiti, que o Senhor Jesus na noite quando ele foi traído pegou o pão, e tendo dado graças, ele partiu-o e disse: 'Isto é meu corpo, que e dado por vós; fazei isto em minha memória'. Do mesmo modo, após a ceia, tomou o cálice e disse: 'Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; toda vez que o beberdes, fazei-o em minha memória.' Toda vez que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. Quem quer que, portanto, come o pão ou bebe o cálice do Senhor indignamente, peca contra o corpo e sangue do Senhor." (1 Cor 11,23-27)

A confirmação no Didaqué: [1]


O Didaqué, ou "Os Ensinamentos dos Doze Apóstolos" é um manuscrito do primeiro século e muito utilizado no primeiro e segundo século por bispos e padres na instrução dos catecúmenos. Muitos escritores cristãos fazem referencia a este escrito, tornando-o de grande valia.

"Não deixes que ninguém coma ou beba da Eucaristia, mas apenas o batizado no nome do Senhor; para isto, também se aplica o dito pelo Senhor: 'não dê aos cães o que é sagrado' ". (Cap. 9,5)

"No dia próprio do Senhor, reúna-se em comum para partir o pão e oferecer ações de graças; mas primeiro confessa seus pecados, de modo que seu sacrifício possa ser puro. Entretanto, ninguém que discutiu com seu irmão pode participar do encontro,  até que estejam reconciliados; seu sacrifício não deve ser aceito. Para isto nós temos o dito do Senhor: 'Em todo lugar e tempo oferece me um sacrifício puro; Eu sou um Rei poderoso, diz o Senhor; e meu Nome espalha terror dentre as nações." Cap 14.

A confirmação pela Sagrada Tradição:

A Sagrada Tradição é a história da Igreja desde a era apostólica, alguns sendo discípulos dos apóstolos. Vale lembrar que esses homens foram os primeiros bispos da Igreja. De qualquer forma, eles eram bispos legítimos, pois receberam o bispado pela sucessão apostólica, ou seja, autoridade realmente foi concebida a eles. Paulo mesmo confirma: "Assim então, irmãos, ficai firmes e conservai as tradições que vos foi ensinado por nós, de viva voz ou por carta." (2 Tes 2,15) "E que você tem escutado de mim ante muitas testemunhas, confia a homens de confiança, capazes de ensinar também aos outros." (2 Tim 2,2)

SÃO CLEMENTE DE ROMA
S. Clemente foi o terceiro sucessor de Pedro como Bispo de Roma.
"Sendo evidentes todas essas coisas e tendo nós sondado as profundezas do conhecimento de Deus [cf Rom 11,33; 1Cor 2,10], temos que realizar segundo a ordem tudo quanto o Senhor nos mandou cumprir nos tempos determinados: Mandou-nos oferecer os sacrifícios e realizar o culto [é a primeira vez que se grafa o termo Liturgia = lait  do grego = Povo; ergia do grego = Ação], não ao acaso ou sem ordem, mas em tempos e horas marcadas [Vê-se a organização litúrgica da Igreja primitiva]. Onde e por que ministros hão de ser feitos, foi Ele quem o fixou por sua decisão altíssima, para que tudo se fizesse santamente e assim fosse aceito por sua vontade. Os que por conseguinte fazem as suas oferendas em tempos determinados são-lhe agradáveis e abençoados, pois seguem as determinações do Senhor e não pecam. Pois ao sumo sacerdote foram confiadas funções particulares e aos sacerdotes um lugar próprio, aos levitas serviços determinados; o leigo [leigo, pela primeira vez empregado na língua grega, já significa o homem que pertence a Deus] está ligado pelas ordenações destinadas aos leigos." São Clemente, bispo de Roma, ano 80, aos Coríntios
"E não será pequena a nossa falta, se depusermos do episcopado aos que ofereceram, de maneira irrepreensível e santa [cf 1Tess 2,10] os sacrifícios [Eucaristia (cf Cartas de Santo Inácio de Antioquia)]. Felizes os presbíteros que nos precederam na caminhada e tiveram um fim carregado de frutos e de perfeição. Não têm a temer que alguém os remova do lugar para eles preparado [fina ironia do autor contra os que tentaram depor presbíteros em Corinto]." Carta aos Coríntios [44,4]


SANTO  INÁCIO DE ANTIOQUIA
S. Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia, sendo sucessor de Santo Evodius, que foi o sucessor imediato de São Pedro. Ele escutou São João a  pregar, quando ele era um menino, e conheceu São Policarpo, bispo de Esmirna. Sete de suas cartas foram escritas para várias comunidades cristãs estão preservadas. Santo Inácio foi preso, acorrentado e conduzido à Roma, onde ele recebeu coroa do mártir como ele foi jogado para feras na arena.
"Compreenda-o quem for capaz de o compreender. Ninguém se ufane de sua posição, pois o essencial é a fé e o amor, e nada se lhes prefira. Considerai bem como se opõem ao pensamento de Deus os que se prendem a doutrinas heterodoxas a respeito da graça de Jesus Cristo, vinda a nós. Não lhes importa o dever de caridade, nem fazem caso da viúva e do órfão, nem do oprimido, nem do prisioneiro ou do liberto, nem do que padece fome ou sede. Abstêm-se eles da Eucaristia e da oração, porque não reconhecem que a Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nos­sos pecados e que o Pai, em Sua bondade, ressuscitou. Os que recusam o dom de Deus, morrem disputando". (Carta aos Esmirnenses, parágrafo 6 e 7, cerca de 80-110 d.C.)

"Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue dEle, que é Amor incorruptível".  (Carta aos Romanos, parágrafo 7, cerca de 80-110 d.C.)


SÃO JUSTINO, MÁRTIR

S. Justino, Mártir, nasceu pagão, mas se converteu ao cristianismo depois de estudar filosofia. Ele foi um escritor prolífero e muitos na Igreja o consideravam o maior apologeta - defensor da fé - do segundo século. Ele foi degolado com seis de seus companheiros entre os anos de 163 e 167.

"Esta comida nós chamamos Eucaristia, da qual ninguém é permitido participar, exceto o que creia que as coisas nós ensinamos são verdadeiras, e tenha recebido o batismo para perdão de pecados e renascimento, e que vive como  Cristo nos ordenou. Nós não recebemos essas espécies como pão comum ou bebida comum; mas como Cristo Jesus nosso Salvador, que se encarnou pela Palavra de Deus, se fez carne e sangue para nossa salvação, assim também nós temos ensinado que o alimento consagrado pela Palavra da oração que vem dele, de que a carne e o sangue são, por transformação, a carne e sangue daquele Jesus Encarnado." - (Primeira Apologia", Cap. 66, cerca de 148-155 d.C.)

SANTO IRINEU DE LIÃO

Santo Irineu foi o sucessor de São Potinus, sendo segundo bispo de Lion em 177. Muito jovem ele estudou sob São Policarpo. Considerado, um dos grandes teólogos do segundo século, Santo Irineu  melhor, por seu conhecimento, para refutar as heresias dos gnósticos.

declarou o cálice, uma parte de criação, por ser seu próprio Sangue, pelo qual faz nosso sangue fluir; e o pão, uma parte de criação, ele estabeleceu como seu próprio Corpo, pelo qual Ele completa nossos corpos." (Santo Irineu de Lião, Contra Heresias, 180 d.C.)

"Assim então, se a taça misturada e o pão fabricado recebem a Palavra de Deus e tornam-se Eucaristia, que é dizer, o Sangue e Corpo de Cristo, que fortifica e reconstrói a substância de nossa carne, como podem essas pessoas dizer que a carne é incapaz de receber o presente de Deus que é a vida eterna, quando isto é feito pelo Sangue e Corpo de Cristo, que são Seu membro? Como o apóstolo abençoado diz em sua carta aos Efésios, 'Nós somos membros de Seu Corpo, de sua carne e de seus ossos' (Ef 5,30). Ele não está falando de forma 'espiritual' e de ' homem invisível',  'um espírito não tem carne e ossos' (Lc 24,39). Não, ele está falando do organismo possuído por um ser humano real, composto de carne e nervos e esqueleto. Isto é este que é nutrido pela taça que é Seu Sangue, e é fortificado pelo pão que é Seu Corpo. O talo da vinha toma raiz na terra e futuramente dá frutos, e 'o grão de trigo cai na terra' (Jo 12,24), dissolve, ascende outra vez, multiplicado pelo Espírito de Deus, e finalmente depois é processando, é colocado para uso humano. Esses dois então recebe a Palavra de Deus e torna-se Eucaristia, que é o Corpo e Sangue de Cristo."  (Cinco Livros = Desmascarando e Refutando a Falsidade)

SÃO CIPRIANO DE CARTAGO

S. Cipriano de Cartago convertido do paganismo por volta do ano 246. Logo depois, ele aspirou ao presbiterado e logo em seguida foi ordenado bispo de Cartago. Ele foi degolado por causa da Fé no ano 258. Assim ele foi o primeiro bispo Africano a ser martirizado.

"Achas tu que alguém pode afastar-se da Igreja, fundar, a seu arbítrio, outras sedes e moradias diversas e ainda perseverar na vida? Ouve o que foi dito a Raabe, na qual era prefigurada a Igreja: "Recolhe teu pai, tua mãe, teus irmãos e toda a tua família junto de ti, na tua casa, e qualquer um que ouse sair fora da porta da tua casa, será ele próprio culpado da sua perda" (Jos 2,18-19). Igualmente o sacramento da Páscoa [antiga], como lemos no Êxodo, exigia que o cordeiro, morto como figura de Cristo, fosse comido numa só casa. Eis as palavras de Deus: "Seja comido numa só casa, não jogueis fora da casa carne alguma dele" (Ex 12,46). A carne de Cristo, o Santo do Senhor   ["Sanctum Domini" O Santo do Senhor era como os primeiros cristãos chamavam a Eucaristia,  O Corpo e Sangue de Cristo Jesus], não pode ser jogado fora. Para os que nele crêem, não há outra casa a não ser a única Igreja". ("A Unidade da Igreja Católica" - cap. 8, 4-5 -  escrita entre os anos de 249-258).

"O padre que imita o que Cristo fez, verdadeiramente toma o lugar de Cristo, e oferece lá na Igreja um sacrifício perfeito e verdadeiro ao Deus e Pai."  - (São Cipriano escreveu aos Efésios por volta do ano 258.)

Muito haveria ainda para se citar, mas para não tornar a leitura cansativa, findo por aqui. Só para se ter uma idéia, outros famosos escritores católicos dos primeiros séculos afirmavam a Presença Real de Jesus Cristo na Eucaristia. Dentre eles: 

São Cirilo de Jerusalém, São Hilário de Poiters, São Basílio, São Gregório de Nissa, São Gregório de Nazianzo, São João Crisóstomo, Santo Ambrosio de Milão, São Jerônimo, São Cirilo de Alexandria, entre muitos outros. 


Para finalizar, incluo uma frase de Santo Agostinho:

"Você deve saber que você tem recebido, que você vai receber, e que você deve receber diariamente. Aquele Pão que você vê no altar, tendo sido santificado pela palavra de Deus, é o Corpo de Cristo. O cálice, ou melhor, que está naquele cálice, tendo sido santificado pela palavra de Deus, é o Sangue de Cristo." - (Sermões [227, 21])

Fontes:

Bíblia Ave Maria, por http://www.bibliacatolica.com.br
Bíblia CNBB, por http://www.bibliacatolica.com.br/
Bíblia Sagrada, Tradução da Vulgada pelo Pe. Matos Soares. Edições Paulinas, 1977.

Citações:

[1] - Veritatis Splendor, A presença real de Jesus na Eucaristia. http://www.veritatis.com.br/doutrina/sacramentos/981-a-presenca-real-de-jesus-na-eucaristia

Obs: Algumas traduções podem ser diferentes, mas o conteúdo é o mesmo.

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